terça-feira, 9 de novembro de 2010

Contribuições de Pichón-Rivière à Psicoterapia de Grupo - O que é um grupo operativo? E sobre a resistência à mudança

Pichón-Rivière foi um psiquiatra e psicanalista argentino que introduziu o termo "grupos operativos" para falar de uma nova maneira de abordar a coordenação de grupos. Trabalhar a partir da idéia de grupos operativos, não diz respeito a um grupo particular muito diferente dos demais, mas sim tem a ver com uma forma de pensar e fazer a práxis nos grupos. "Os grupos operativos não são uma técnica, mas uma ideologia (...) uma ideologia sobre como devem funcionar e como devem ser coordenados os grupos." (p. 139. Portarrieu, Maria L. B. e Oklander, Juan T., 1989)

Um grupo operativo pode ser um grupo terapêutico, um grupo de familiares, de aprendizagem, de reflexão, etc. e este estará reunido por um objetivo comum, a realização de uma tarefa específica (tarefa externa).

Ao mesmo tempo, enquanto o grupo se empenha na realização de sua tarefa específica, outra tarefa vai se processando nos bastidores, é a tarefa interna, que corresponde à totalidade de operações que devem feitas pelos membros do grupo para manterem-se unidos e desenvolverem-se como equipe de trabalho.

Num grupo operativo o coordenador deve ter uma postura específica, deve cumprir a tarefa de apaziguar as ansiedades grupais para possibilitar que o grupo consiga realizar seu objetivo e deve fazer intervenções que possibilitem a realização da tarefa interna reflexiva, ajudando assim aos membros a se constituirem como um verdadeiro grupo.

Resistência à mudança:
* A psicoterapia (grupo ou individual) é um espaço de cura. Todo processo de cura implica mudança e toda mudança gera medo. Rivière fala de 2 medos básicos: MEDO DA PERDA (ex: perda dos benefícios secundários do sintoma) e  MEDO DO ATAQUE (ex: medo de uma situação desconhecida, com a qual não se saiba lidar). O medo gera ansiedade e esta em altos níveis gera resistência à mudança.

* As técnicas/intervenções propostas pelo terapeuta mobilizam os afetos, experiências e conhecimentos do grupo. A partir disso pode-se atuar sobre às resistências mobilizadas, podendo então permitir que a mudança e a cura aconteçam.

* O grupo deve ser um agente de mudança para cada um dos participantes. No grupo, cada participante adquire mais consciência de sua própria identidade e da dos demais. O processo de conscientização é capaz de gerar mudanças.

Bibliografia:
Osorio, L. Carlos e colaboradores. Grupoterapia Hoje, Ed. Artes Médicas, Porto Alegre, 2ª edição, 1989.

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