A Arteterapia: Um caminho para o crescimento pessoal
A arteterapia, segundo a American Art Therapy Association (AATA), fundada em 1969, que como terapêutica facilita a expressão verbal e não-verbal e o desenvolvimento dos recursos físicos, cognitivos e emocionais utilizando variadas linguagens artísticas. O uso da arte como terapia, implica que o processo criativo pode ser um meio tanto de reconciliar conflitos emocionais, como de facilitar a auto percepção e o desenvolvimento pessoal.”
A arteterapia é utilizada como facilitadora da expressão, através de metáforas e símbolos da expressão criativa, que revelam o que está submerso de forma menos ameaçadora admitindo a conscientização através da verbalização de sentimentos difíceis.
A percepção dos conflitos e sua conscientização dá-se através de leitura de imagens pictóricas, sonoras, sinestésicas e táteis, o que desenvolve a espontaneidade e auxilia ao paciente a aprender a lidar com situações semelhantes, de formas diferentes.
O arteterapeuta é um facilitador durante o processo do paciente. Através de alguns trabalhos, como por exemplo: confecção de máscaras, releituras de contos, modelagens, colagem, desenho, pintura, bem como criação de personagens, o cliente através de analogias, associações e amplificações dos símbolos emergentes passa a conectar-se cada vez mais consigo mesmo, elaborando situações difíceis, doenças, traumas, que pode ter tido.
Resumindo, a arte permite ao indivíduo não só o autodescobrimento, mas também lhe oferece um potencial criativo e transformador.
*Mary Fridman.
Gestalt-terapia: Uma abordagem fenomenológica - humanista existencial
A Gestalt-terapia, por ser uma abordagem existencial*, acredita no potencial humano, crê que as pessoas podem encontrar seu caminho na vida e assumir sua responsabilidade por esta. A maturidade nada mais é do que a responsabilidade pela própria vida e é exatamente neste sentido que esta abordagem trabalha, ajudando as pessoas a tornarem-se mais maduras emocionalmente a partir de uma maior conscientização a respeito de si mesmas.
Um dos objetivos centrais nesta terapia é mostrar ao cliente um caminho de maior autonomia e independência, baseando-se no autosuporte, contando com seus recursos internos.
A influência do Humanismo* se faz presente pela crença no potencial humano de crescimento e auto-transformção. Segundo Frederick Perls*, fundador da Gestalt-terapia, o ser humano tende a repetir padrões esteriotipados. A terapia vem para romper as esteriotipias e abrir caminho para mil novas possibilidades do ser.
Essa abordagem NÃO trabalha para o ajustamento do sujeito à sociedade. Pelo contrário, quer promover sujeitos autênticos; e, para que isso seja possível, o terapeuta também deve ser uma pessoa autêntica. Nesse terreno não se pode falar em neutralidade por parte do terapeuta, pois este deve usar-se inteiramente a serviço do processo terapêutico do cliente, compartilhando com ele experiências, sensações e emoções que afloram nessa relação. Essa relação pessoa-a-pessoa é preconizada por sua base existencialista.
A Gestalt-terapia é também criada com influências da fenomenologia*, por isso fica com o que se mostra, o fenômeno, com o que parece óbvio (mas mesmo assim temos, muitas das vezes, dificuldade de enxergar. Dentre os fenômenos a serem observados é de particular importância estar atento à linguagem corporal do cliente, porque o não-verbal revela mais do que as palavras previamente pensadas. É uma abordagem de elementos da consciência. A conscientização é a tarefa principal do terapeuta, pois é isto que gerará espontaneamente a mudança.
Aqui propõe-se que as pessoas possam vivenciar plenamente seu "aqui-e-agora" e que possam se dar conta de como fazem para não estar pleno no momento presente. Para ajudar o cliente nesta tarefa o terapeuta faz perguntas do tipo: "o que?" e "como?", raramente pergunta "por que?".
Segundo esta teoria, perguntas do tipo: "O que está acontecendo neste momento?", "O que você está sentindo agora?", "Como é seu medo agora?", "De que maneira você se afasta das pessoas?", por ex., ajudam a trazer os sentimentos à tona no momento atual, produzindo experiências imediatas e não frias racionalizações. Não espera-se uma verbalização excessiva.
Valorizar o presente não é negar o passado ou o futuro. Se uma questão do passado continua demandando energia faz parte de uma "passado-presente". Se uma pré-ocupuação a respeito de algo futuro toma nossos pensamentos no momento atual, é porque é um "futuro-presente". Tudo isto é importante, é visto e não rechaçado. A técnica utilizada aqui é orientar aos pacientes que contem desse passado ou futuro no momento presente, como se estivessem vivenciando a situação naquele exato momento. Por exemplo: Ao invés de falar sobre um trauma infantil, o cliente pode ser incentivado a dramatizar essa situação no consultório. Espera-se que assim, com a ajuda do terapeuta e estando num ambiente seguro, ele possa dar novos significados e criar novas saídas pra essa história.
É uma abordagem não-interpretativa pela parte do terapeuta; cabe ao cliente criar seus próprios significados.
Na GT trabalha-se com o conceito de polaridades, dicotomias existentes dentro do eu. Por ex: anjinho X demônio; passivo X ativo; doador X usurpador, etc. O objetivo é ajudar às pessoas a reconhecerem e aceitarem seus pólos opostos, fortalecendo assim seu self.
O conceito de situações inacabadas diz respeito a sentimentos e sensações interrompidas, não vivenciadas plenamente pelo sujeito, que, por isto, roubam energia enquanto não atingem sua plena expressão. É preciso identificar as situações na história da pessoa que não estão plenamente encerradas e trabalhar para que um desfecho (real e/ou emocional) se dê. Isto ajuda a pessoa a viver de forma mais plena. Por ex: Uma mulher que carregue consigo uma mágoa em relação ao pai, mas precise cuidar dele neste momento, pode ser que não se dê conta de seu sentimento. Porém, enquanto não puder perceber, aceitar e integrar tal sentimento em sua relação com ele, talvez nunca consiga ser de fato uma boa cuidadora.
Mini-dicionário:
Existencialismo: É uma corrente filosófica e literária que destaca a liberdade individual, a responsabilidade e a subjetividade do ser humano. O existencialismo considera cada homem como um ser único que é mestre dos seus atos e do seu destino.
A fenomenologia: É, em sentido lato, uma escola filosófica fundada por Edmund Husserl. Num sentido mais estrito, é uma disciplina da filosofia que estuda os objectos e as estruturas da consciência purificada ou transcendental, i.e., da consciência cognitiva. Trata-se, portanto, de uma investigação sobre a consciência em geral, comum a todos os sujeitos cognitivos plenos, independentemente das características psicológicas de cada um.
Humanismo: Um conjunto de ideais e princípios que valorizam as ações humanas e valores morais (respeito, justiça, honra, amor, liberdade, solidariedade, etc).
Frederick Perls: Psicólogo e psicoterapeuta alemão, Frederick Fritz Perls nasceu em 1893 e faleceu em 1970. Estudou Medicina em Berlim depois da Primeira Guerra Mundial, tendo-se especializado em psicanálise. Depois da tomada de poder de Hitler, refugia-se na África do Sul onde fundou um Instituto de Psicanálise. Em 1946 emigra para os Estados Unidos da América, vindo a sofrer uma grande influência da corrente gestaltista. Com a sua mulher Laura Perls, desenvolve uma terapia a partir dos fundamentos do Gestaltismo. Em 1951 publica o livro Gestalt Therapy, mas as suas concepções passam despercebidas. É a partir de meados da década de 60 que a Gestalterapia passa a ter aceitação. As suas concepções e princípios de trabalho influenciaram fortemente as terapias então surgidas nos Estados Unidos da América.
*Jéssica Calderon.
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